Sobreviventes do ramo livreiro e como continuam se expandindo diante das adversidades
As gigantes livrarias que permanecem em crescimento no mercado, mesmo após a pandemia e concorrência com o ramo digital
Impactos da pandemia no setor literário
No período de isolamento que se fez na pandemia, os brasileiros encontraram na leitura uma verdadeira rota de fuga para passar o tempo. Nessa crescente, as vendas digitais aumentaram e assim que o comércio retornou a ativa, as livrarias ficaram na contramão do varejo digital. Grandes nomes do mercado literário como livraria Cultura e a Saraiva, fecharam suas portas diante das dificuldades enfrentadas, como lidar com os baixos preços vendidos pela internet e manter o público interessado em frequentar a loja física.
Em contrapartida, outras gigantes literárias como Livraria da Vila, Travessa e Leitura permaneceram em contínua expansão e acabaram ocupando os espaços deixados pela Cultura e pela Saraiva. A livraria Martins Fontes, também resistiu diante das adversidades que a pandemia trouxe e conseguiu conciliar o ramo digital com o funcionamento das lojas físicas.
A digitalização de livrarias e editoras
Em entrevista ao Quinta Notícia, Vitor Tavares, um dos sócios da Distribuidora Loyola de Livros e ex-presidente da CBL (Câmera Brasileira do Livro), comenta sobre os desafios de manter as livrarias na era digital e pós pandemia. Ao ser questionado sobre quais estratégias podem ser utilizadas para manter o público atraído para as livrarias físicas, o empresário menciona os 4P’s do Marketing. “Por em prática os 4P’s do marketing é essencial: Bom ponto comercial, preços justos nos produtos, boas ações de promoções de venda e produtos de qualidade. Nesse caso, ter sempre os livros mais vendidos, os best seller, e lançamentos. Jamais deixar a livraria sem os livros que estão sendo divulgados nas mídias e redes sociais. Os livreiros que seguirem esses preceitos, sempre terão sucesso.”
Vitor conta que o uso de novas tecnologias é essencial para manter um bom relacionamento com os clientes, “ Sem as novas tecnologias de gestão, controle de relacionamento com clientes, boa interação nas redes sociais da livraria e até mesmo uso de IA para compor o acervo e reposição dos livros na livraria…Quem não souber utilizar as redes sociais e as novas tecnologias em favor da livraria física terá muita dificuldades em se manter presente e com a livraria aberta e viável financeiramente.”
Ao ser perguntado sobre como enxerga o futuro do livro impresso para os próximos anos, Roberto se mostra preocupado com o custo alto da matéria prima, que impacta no preço final do livro. “ O livro impresso permanece pela preferência do público pelo papel, a encadernação, a arte da capa. O livro como objeto colecionável. Isso é algo que o livro digital não substitui. Mas é claro que existe um fator preocupante que impacta no preço final do livro, que tende a se tornar um problema a longo prazo. Faz alguns anos, uma editora importante não tinha condições para comprar papel e o catálogo inteiro deles esgotou. Não fosse uma parceria com a Amazon naquela ocasião, eles teriam falido. Hoje estão recuperados, mas nunca é demais lembrar o conjunto de fatores que podem prejudicar esse segmento. A matéria prima quando é escassa se torna muito cara e o custo de impressão não é pouco e acaba inflacionando o preço final do livro. Então, a curto prazo o livro impresso segue firme, mas se tivermos um desastre que prejudique a produção de papel, a longo prazo será preferível o digital.
O interesse dos jovens pela leitura
Apesar do crescimento de algumas livrarias físicas como a Drummond Livraria que foi aberta a um pouco mais de dois anos e recebe uma grande variedade de eventos literários com um público curioso de jovens leitores, o setor de livros digitais em relação às editoras faturaram mais de 158% nos últimos 5 anos, segundo a pesquisa coordenada pela Câmara Brasileira do Livro, “Produção e Vendas do setor Editorial Brasileiro”.
Em setembro de 2024 tivemos a 27° Bienal do Livro de São Paulo, que reuniu um público de diferentes gerações de leitores, tendo os jovens como destaque. A grande influência para a presença desse público em específico, são as mídias sociais, como o TikTok. Foi possível perceber filas de estudantes, professores e jovens saindo com pilhas e mais pilhas de livros. A edição da Bienal do Livro de São Paulo esse ano contou com a presença de nomes como Lynn Painter, autora de “Melhor que nos filmes” e Jeff Kiney, autor de “Diário de um banana”, sucessos entre o público jovem.
Esse interesse dos jovens pela leitura, pode ser atribuído ao período da pandemia, já que as opções de lazer fora de casa ficaram reduzidas.
Excelente artigo, parabéns!
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