Cinco anos depois: como bares e restaurantes de São Paulo se reinventaram após a pandemia de COVID-19
Após fechamentos em massa e recorde de prejuízos, o setor começa a respirar aliviado.
Por Mariana Souza.
Após períodos tortuosos durante a pandemia, o setor se recupera e se expande em 2025. Imagem: Mariana Souza.
Em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou oficialmente a pandemia de Covid-19, marcando um momento histórico para a humanidade. Além de representar uma grave crise sanitária, a pandemia provocou impactos econômicos profundos em diversos setores, afetando especialmente aqueles que não conseguiram se adaptar rapidamente às novas restrições impostas pelo isolamento social. A mudança no comportamento dos consumidores e a queda repentina da demanda levaram muitas empresas a enfrentar sérias dificuldades financeiras, com redução nas operações e, em muitos casos, o fechamento definitivo. Em São Paulo, em março daquele ano, bares e restaurantes foram obrigados a fechar as portas como parte das medidas de contenção da disseminação do vírus. Anos depois, a capital paulista volta a ver seus salões ganharem vida com clientes, garçons e novas estratégias de sobrevivência, porém o caminho até aqui foi bem desafiador.
De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), os reflexos da pandemia foram devastadores para o setor em 2021. Após sucessivas ondas de lockdowns em 2020 e no início daquele ano, cerca de 72% dos bares e restaurantes da cidade de São Paulo operavam com prejuízo. A crise sanitária não apenas afastou os clientes, como forçou o encerramento definitivo de cerca de 12 mil estabelecimentos na capital. O impacto foi especialmente severo entre os negócios de pequeno e médio porte, que não possuíam estrutura para resistir a meses de portas fechadas e as restrições de funcionamento.
A dificuldade em acompanhar a rápida transformação do mercado também contribuiu para o agravamento da crise. Haroldo Silva, vice-presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), explicou que a migração dos consumidores para o ambiente digital penalizou os estabelecimentos que não conseguiram se adaptar a tempo. Muitos bares e restaurantes mantiveram praticamente todos os seus custos operacionais, como aluguel, salários e fornecedores, enquanto a receita desaparecia com a ausência de público. A falta de digitalização acabou sendo um obstáculo fatal para diversas empresas.
Apesar do cenário dramático enfrentado nos primeiros anos da pandemia, o setor começou a dar sinais de recuperação em 2024. Um levantamento realizado pela Abrasel-SP em agosto daquele ano mostrou que 35% dos estabelecimentos da cidade já estavam operando com lucro. Ainda assim, a recuperação foi desigual: 27% dos bares e restaurantes seguiam registrando prejuízo, enquanto o restante caminhava em estabilidade. Os números mostram que, embora o pior já tenha passado, ainda há um processo em curso de reestruturação e adaptação, especialmente entre os negócios que mais sofreram no auge da crise.
Comments
Post a Comment