Obstáculos ao acesso das mulheres no mercado de trabalho

Apesar da maior escolaridade, elas recebem, em média, 21% a menos do que os homens.

Por: Mariana Souza e Rebecca Timoner


O gênero feminino ainda luta pela igualdade de direitos e enfrenta condições desfavoráveis no ramo de trabalho. Charge: Carlin

Mesmo com avanços, os desafios persistem para as mulheres no mercado de trabalho, que seguem com os maiores índices de desemprego e os menores salários, além de acumular tarefas domésticas, a chamada “dupla jornada de trabalho”. Levantamento da Vidalink, empresa de planos de benefícios de bem-estar corporativo, aponta que 39,44% das mulheres enfrentam a dupla jornada, trabalhando, por semana, 9,6 horas a mais que os homens devido à combinação de tarefas domésticas e o trabalho realizado fora de casa.

Muitas dessas atividades, realizadas no âmbito familiar, se estendem ao trabalho remunerado, ampliando a carga de responsabilidades. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que as mulheres dedicam, em média, 73% mais horas do que os homens aos afazeres domésticos e cuidados. Para conciliar o trabalho remunerado com essas tarefas, 28% das mulheres aceitam empregos com carga horária reduzida (até 30 horas semanais), enquanto apenas 14,4% dos homens fazem o mesmo.

Em relação à remuneração, o gênero feminino continua recebendo cerca de 75% do que os homens ganham. A maternidade, por sua vez, tem sido um divisor de águas na carreira de muitas mulheres. Apesar dos avanços nas lutas por direitos iguais nas empresas, episódios de discriminação ainda são registrados. O IBGE aponta que 56,6% das mulheres com filhos trabalham, em contrapartida, 89% dos homens que possuem filhos estão empregados. 

Uma pesquisa realizada pela Condurú Consultoria revela que mais de 70% das mulheres com filhos enfrentam dificuldades para se colocar ou se reinserir no mercado de trabalho. Esse cenário é reforçado por um estudo da economista e ganhadora do prêmio Nobel de 2023, Claudia Goldin, que investigou a participação da força de trabalho das mães em 134 países. A pesquisa mostrou que 24% das mulheres deixam a força de trabalho no primeiro ano após o nascimento dos filhos. Após cinco anos, 7% ainda não retornaram, e depois de dez anos, 15% permanecem ausentes.

Em resumo, as mulheres seguem conquistando avanços no mercado de produção, mas as desigualdades persistem, e a conciliação entre trabalho remunerado, as demandas domésticas e a maternidade continuam a ser um grande desafio.




 

 

Comments