Sintético vs. Natural: O Campo da Discórdia no Futebol Brasileiro
Por: Gustavo Julio | Quinta Notícia
Campanha contra gramado
sintético tem chamado atenção com uma questão, qual é melhor?
O
futebol brasileiro está no centro de uma intensa discussão sobre a escolha
entre gramados sintéticos e naturais. A polêmica ganhou força após jogadores
renomados, como Neymar, Thiago Silva e Philippe Coutinho, manifestarem-se
publicamente contra o uso de superfícies artificiais nos estádios do país. Eles
argumentam que o futebol profissional deve ser jogado exclusivamente em
gramados naturais de alta qualidade, como ocorre nas principais ligas
europeias.
imagem: Portal Leo Dias
Ainda
segundo os atletas, o gramado sintético é um risco pois pode oferecer
resistência em momentos indevidos, em movimentos de rotação, arrancada, parada e
aterrissagem. Casos de atletas que se recusam a jogar em gramados sintéticos é
cada vez mais recorrente sob a mesma alegação, encurtamento da vida útil de
tendões, ligamentos e musculaturas.
A
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) está conduzindo um estudo para avaliar
a prevalência de lesões em gramados sintéticos, visando fornecer dados técnicos
para o debate. Enquanto isso, a discussão continua, com clubes e jogadores
apresentando argumentos baseados em desempenho, segurança e custos
operacionais. O impasse reflete a complexidade do tema, onde fatores
econômicos, técnicos e de saúde dos atletas se entrelaçam. A decisão sobre qual
tipo de gramado adotar nos estádios brasileiros dependerá de um equilíbrio
entre esses aspectos, sempre visando o melhor para o esporte nacional.
foto: verdazzo
Atualmente, estádios como o Allianz Parque (Palmeiras), Arena MRV (Atlético Mineiro), Nilton Santos (Botafogo) e Ligga Arena (Athletico-PR) utilizam gramado sintético, todos com certificação da FIFA. Os clubes defendem essa escolha, alegao que é melhor um sintético de boa qualidade do que um natural ruim e destacando a durabilidade e a menor dependência de condições climáticas dessas superfícies. Além disso, a manutenção mensal de um gramado sintético representa cerca de 25% do custo de um campo natural, que varia entre R$ 100 mil e R$ 150 mil.
Lesões e estatísticas
Um levantamento realizado Bolavip, no campeonato
brasileiro 2023 ocorreram 14 lesões de grau 2 ou 3, sendo 6 (42,86%) em
gramados sintéticos e 8 (57,14%) em gramados naturais. No entanto, considerando
que apenas 15% das partidas foram disputadas em gramados sintéticos, a taxa de
lesões por jogo foi maior nesses campos: 1,62 lesões a cada 10 jogos em
gramados sintéticos, contra 0,40 em gramados naturais.
Segundo
o arbitro da Federação Paulista de Futebol (FPF), Ednilson Junior Alves de
Oliveira, “os jogos no sintético são um pouco piores na questão pós jogo, sinto
mais dores nas articulações e musculares. Sinto que a absorção do impacto pelo
gramado não é tão boa e o jogo acaba sendo mais cansativo, já que o gramado
sintético molhado deixa a bola mais rápida.”.
Outro
estudo significativo, realizado na Major League Soccer (MLS) entre 2013 e 2016,
comparou a incidência de lesões em grama natural e sintética. A análise revelou
que a taxa média de lesões por jogo foi semelhante entre as duas superfícies,
com uma leve variação (1,54 lesões por jogo em gramado sintético e 1,49 em
grama natural). No entanto, foi identificada uma maior incidência de lesões no
tornozelo e no tendão de Aquiles no sintético, enquanto outras categorias de
lesões não apresentaram diferenças significativas
O
ex atleta do Esporte Clube Rio São Paulo, Fábio Silva declarou que o time
possui um campo sintético para treino e alguns jogos e ainda disse que: “o
sintético fica muito quente, em dia de calor é impossível não passar mal. Fora
que a bola parece que está maluca, corre mais, quica mais no campo, fica
completamente diferente, saía do jogo acabado.”.
Apesar de apoiar o uso do gramado sintético, uma decisão surpreendeu a todos, a FIFA realizará o super mundial de clubes este ano e nenhum dos campos será de gramado sintético.
A
escolha entre gramado sintético e natural envolve uma análise multifacetada,
considerando aspectos econômicos, desempenho esportivo e saúde dos atletas.
Enquanto o gramado sintético oferece vantagens em termos de custo e
durabilidade, preocupações persistem quanto ao impacto no jogo e na integridade
física dos jogadores. Enquanto jogadores seguem brigando de um lado para
impedir o avanço dos gramados sintéticos, os clubes seguem se apoiando em uma
opção mais barata e de baixa manutenção.
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