Febre oropouche acende alerta sobre casos de microcefalia em recém nascidos

MPF-AC apura medidas a serem adotadas após registro de mais de 400 casos e morte de bebê

Por: Giovanna de Moraes

Febre oropouche transmitida pelo mosquito Maruim | Conselho Federal de Farmácia/Reprodução


Em meio ao crescimento de 620% com relação ao ano passado dos casos da Febre Oropouche, o Ministério Público Federal do Acre (MPF-AC) vai apurar o possível surto na região. O sinal de alerta para o controle da doença surgiu no último mês de agosto, quando a região confirmou 436 casos e mais uma morte pelo vírus, através dos dados do Boletim Epidemiológico Semana das Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre). Segundo o procurador da República Lucas Costa Almeida Dias, responsável pelo caso, 21 dos 22 municípios do Acre possuem algum registro da doença.


O aumento da contaminação a nível nacional chama atenção para uma possível epidemia. Em comparação ao mesmo período do ano passado, foram registrados 7.848 casos da febre em 20 estados brasileiros, somente até o 2º semestre de 2024, contra 831 casos em 2023. O óbito que aparece no último levantamento é o de um bebê recém-nascido divulgado pelo Ministério da Saúde no início de agosto. De acordo com a pasta, o bebê nasceu no Acre e veio a óbito no final de julho após 47 dias de vida. 


Ele nasceu com microcefalia, malformação das articulações e outras anomalias congênitas. A mãe, de 33 anos, teve erupções cutâneas e febre no segundo mês de gravidez, e os exames pós-parto indicaram infecção pelo vírus. O caso está sendo considerado como uma transmissão vertical (de mãe para filho). Exames realizados nos laboratórios do Instituto Evandro Chagas (IEC/SVSA/MS), em Belém, descartaram outras hipóteses de diagnóstico.


Em nota, o Ministério da Saúde informou que há 6 casos em investigação de transmissão vertical (de mãe para filho) da infecção da febre do Oropouche. São 3 casos em Pernambuco, 1 na Bahia e 2 no Acre. Dois casos evoluíram para óbito fetal, houve um aborto espontâneo e três casos apresentaram anomalias congênitas, como a microcefalia.


As análises estão sendo feitas pelas secretarias estaduais de saúde e especialistas, com o acompanhamento do Ministério da Saúde, para concluir se há relação entre a febre do Oropouche e casos de malformação ou abortamento. A maior parte foi identificada no Amazonas e em Rondônia. Até o momento, duas mortes foram confirmadas na Bahia e um óbito em Santa Catarina está em investigação, segundo o Ministério da Saúde.


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