Governo Federal descarta o retorno do horário de verão para este ano

Em entrevista coletiva, ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, diz que medida pode ser considerada no futuro

Por: Mirela Almeida de Souza

O horário de verão ainda gera muitas opiniões contrárias entres os brasileiros / Foto: Divulgação

O ministro Alexandre Silveira, do Ministério de Minas e Energia, anunciou a não retomada do horário de verão. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (16), em uma entrevista coletiva, no início da tarde. 

A decisão foi tomada após o ministro se reunir na última terça-feira (15) com o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, junto com uma equipe técnica, em Brasília (DF), para discutir o tema. A reunião teve como objetivo a apresentação de novos dados do ONS, para entender a necessidade ou não da aplicação da medida. 

"É importante que ele [horário de verão] seja sempre considerado, ele não pode ser fruto de uma avaliação apenas dogmática ou de cunho político. É uma política que tem reflexos tanto positivos quanto negativos no setor elétrico e na economia, portanto, deve sempre estar na mesa para uma avaliação precisa do governo federal", disse Silveira. 

O assunto “horário de verão” voltou a ganhar força no governo após um levantamento de dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), divulgado em setembro, que considerava a alternativa diante de um cenário crítico na produção de energia causado pela seca, que se soma ao calor e o aumento do consumo nos horários de pico. A medida poderia acabar gerando uma economia estimada em R$400 milhões.

De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN), o Brasil vive a pior seca dos últimos 74 anos. Em relatório, o instituto apresentou um índice de municípios em condição de seca extrema ou seca severa no mês de setembro. 216 municípios seguem com seca extrema, com maior concentração na região Sudeste. 

Segundo o ministro, devido à seca, foi necessária a realização de ações planejadas e emergentes para garantir a segurança energética no país. De acordo com o ministério, essas ações garantiram que hoje o país esteja com 49% de água guardada em seus reservatórios.

Entre as medidas realizadas, destacam-se a preservação de recursos da bacia do Rio Paraná- UHE Jupiá e Porto Primavera, preservando cerca de 11% da água dos reservatórios de cabeceira, como Furnas, Itubiara, São Simão e a nova Ponte. “Com a gestão eficiente dos nossos reservatórios, conseguimos garantir o fornecimento de energia para o país”, destacou o ministro. Apesar da decisão de não adesão ao horário de verão, o assunto segue em discussão para o ano de 2025.

Horário de verão

O horário de verão consiste na prática em adiantar os relógios em uma hora entre os meses de primavera e verão (outubro a fevereiro no Brasil), para se ter melhor aproveitamento da luz solar e economizar energia. A medida, que era utilizada desde 1985, foi suspensa em 2019, pelo então presidente Jair Bolsonaro. 

A medida ainda causa opiniões diversas entre os brasileiros. Setores como o aéreo desaprovam a medida, argumentando que é necessário no mínimo seis meses para ajustar toda a malha aérea com o horário alterado. Já os setores de restaurantes e bares apoiam a alteração do horário, alegando um movimento maior de pessoas na rua e maior consumo.