Comércios da rua 25 de Março sofrem instabilidades com recorrentes crises de energia elétrica.
Os rastros do prejuízo que marcou o carnaval deste ano, para os comerciantes da 25 de março, ainda não foram contabilizados oficialmente, mas uma coisa é certa, os apagões não são uma novidade na vida dos paulistanos.
Por: Giovanna de Moraes e Hanna Kauanin
Imagem: Anna Satie - 22.fev.2025/UOL
O Carnaval deste ano e o natal de 2024 não trouxeram a mesma alegria e rentabilidade para os comerciantes da 25 de Março, como em anos anteriores. Dois apagões ocorridos nas semanas de maior fluxo de pessoas, resultaram em lojas fechadas por até uma semana, afastando os consumidores da região comercial.
O prejuízo, ainda incalculável, não é uma novidade para os paulistas, que enfrentam uma crise no fornecimento de energia desde 2023, quando a empresa de distribuição energética, a Enel deixou quase 4 milhões de pessoas sem eletricidade em toda a capital.
Mais de 400 lojistas vivenciaram o desespero de ver seus estabelecimentos fechados e as ruas esvaziadas devido à interrupção no fornecimento de energia, atribuída às altas temperaturas e aos temporais de verão. Entre eles, 116 comerciantes permaneceram durante uma semana inteira sem eletricidade, até a sexta-feira, (28) de Carnaval.
O número de lojas afetadas representa 2,3% dos estabelecimentos da rua. Atualmente o endereço conta em média com 5.000 em funcionamento, segundo dados da Prefeitura de São Paulo.
A Rua 25 de Março recebe diariamente entre 400 e 500 mil pessoas, e, em períodos que antecedem o Natal e o Carnaval, esse número sobe para 1 milhão. Com a falta de energia, estima-se que cerca de 23 mil pessoas deixaram de ir ao local para realizar suas compras, impactando as vendas dos comerciantes. No começo do ano, a expectativa da região era alcançar um aumento de 13,1% no faturamento durante os períodos festivos.
Pela falta de energia, os lojistas tiveram dificuldades de emitir as notas fiscais e utilizar as maquininhas como meio de pagamento. As lojas que continuaram abertas, ficaram entre uma ou duas horas funcionando, afirma a Univinco25, União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências.
Para sanar o problema temporariamente, a Enel disponibilizou geradores a diesel para manter a região, o que gerou reclamações por conta do forte cheiro que as máquinas produziam e o funcionamento do gerador, que era parcial, que manteve a luz somente em alguns pontos das lojas. O equipamento foi revezado pelos comerciantes.
Diante das pressões por uma solução para o transtorno causado pela Enel, o Sindilojas-SP, sindicato que representa os empresários do comércio, cobrou providências e o restabelecimento imediato do fornecimento de energia para todas as lojas da região.
A crise de distribuição energética em São Paulo
Há 3 anos, a capital enfrenta um cenário de incerteza quando se trata do abastecimento de energia em residências e comércios. Com a chegada da temporada de chuvas, a maior preocupação dos paulistanos é reviver o pesadelo de ficar dias sem eletricidade.
Em outubro de 2023, a empresa italiana responsável pelo fornecimento de energia em São Paulo e outros estados do Brasil enfrentou sua primeira grande crise. Fortes tempestades danificaram torres de distribuição, deixando regiões como a zona sul no escuro por até nove dias, sem previsão de restabelecimento.
Na época, a Aneel cobrou explicações, pois muitos consumidores que registraram reclamações não receberam respostas adequadas. O Procon-SP abriu um procedimento de fiscalização, após a falta de energia daquele ano.
Apesar da promessa de que, em 2024, o serviço seria estabilizado e novas crises seriam evitadas, a realidade foi diferente. No último trimestre do ano, a região central foi uma das mais atingidas pelos apagões, afetando não apenas áreas residenciais, mas, pela primeira vez, a Rua 25 de Março e o entorno. A falta de energia resultou em prejuízos estimados em quase R$ 1,3 bilhão.
Infográfico produzido pelo Quinta Notícia
A região, que já foi responsável por registrar faturamentos anuais de cerca de 12 bilhões de reais para o estado, ainda não tem uma estimativa clara de quanto e de que maneira seus resultados financeiros serão impactados. Uma região importante para São Paulo, pode enfrentar ou não maiores desafios, dependendo de como as questões energéticas sejam resolvidas de forma eficiente e rápida.
Embora o fornecimento de energia tenha sido restabelecido, os problemas recorrentes na região podem colocar os comerciantes da 25 de Março em desvantagem frente ao crescimento contínuo do e-commerce nos próximos anos. A instabilidade energética pode afetar a competitividade entre comércio varejo e comércio online, que não enfrentam tais interrupções.
Plano de crise e as punições aplicadas
Na primeira crise energética da Enel, a empresa foi multada três vezes, em um valor aproximado de 10 milhões. Após a cobrança recebida pelos órgãos responsáveis, a concessionária afirmou que vem ampliando os planos de contingência.
Em nota, a empresa afirmou que entre os anos de 2024 e 2026, será investido, aproximadamente, R$18 milhões na cidade de São Paulo. A fim de aumentar a mão de obra, investimentos na infraestrutura, novos protocolos e a poda de árvores em renovação com o convênio da Prefeitura de São Paulo.
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