As questões sociais que ampliam a evasão escolar

 


          Por Rebecca Timoner

Diversas ações têm sido implementadas para enfrentar a evasão escolar em São Paulo, como por exemplo o programa de Busca Ativa que utiliza tecnologia para monitorar a frequência dos alunos, a campanha “Estudante Presente Transforma Futuros”, uma parceria da Prefeitura de São Paulo com a UNESCO, que visa mobilizar toda a sociedade na luta contra a evasão escolar, promovendo ações de conscientização e apoio às famílias, o programa Mães Guardiãs, onde mulheres da comunidade são contratadas para acompanhar a frequência dos alunos e realizar visitas domiciliares em casos de ausências frequentes, fortalecendo o vínculo entre escola e família e o Núcleo de Apoio e Acompanhamento para a Aprendizagem (NAAPA), que oferece suporte psicológico e pedagógico a estudantes que enfrentam dificuldades no processo de escolarização, buscando sua permanência na escola. 

Em entrevista com o professor Piero Abner Di Almeida, docente na Escola Estadual Fidelino de Figueiredo, localizada no bairro da Santa Cecília, a evasão escolar influencia no futuro dos jovens em termos de oportunidades de trabalho e inclusão social. “Fundamentalmente essa inserção no mercado de trabalho, oportunidade e inclusão social, ela é prejudicada porque a gente vive em uma sociedade conservadora e preconceituosa, então qualquer RH vai ter um preconceito com um estudante que abandonou a escola, que repetiu de ano ou que foi aprovado com notas baixas, então vivemos numa sociedade pouco acolhedora, inclusive no mercado de trabalho. Esse estudante, com certeza vai ter mais dificuldade de se inserir dentro dessa perspectiva. Em outra medida, eu também penso que esse estudante, ele deixa de exercitar essa socialização fundamental, em uma fase da vida que ele precisa socializar,ter responsabilidade, lidar com prazos, saber resolver problemas e isso vai ajudar com que esse futuro profissional consiga ser independente e mostrar em uma eventual oportunidade de emprego que ele é uma pessoa preparada para resolver problemas, lidar com outro ser humano, que ele tenha inteligência emocional.”

Dentro do contexto de responsabilidade do professor quanto a “resgatar” o aluno evadido, Piero afirma que as escolas não recebem apoio e nem suporte do Estado, Os professores não recebem suporte nenhum, na verdade eles recebem uma cobrança absurda da diretoria de ensino para fazer um trabalho que... Não que nós não somos capazes, mas que nós não temos tempo, estrutura e incentivo algum para poder desempenhar o mínimo de eficiência”.  

A evasão escolar em São Paulo é um desafio complexo que exige ações articuladas entre governo, escolas, famílias e sociedade. Embora os dados mais recentes indiquem avanços importantes na frequência escolar, ainda é primordial investir em políticas públicas que enfrentem as causas sociais da evasão, como a necessidade de trabalhar, a sobrecarga doméstica e a ausência de apoio no ambiente familiar. 

Mais do que manter o aluno na sala de aula, é preciso garantir que ele se sinta pertencente, acolhido, compreendido e apoiado. Enfrentar a evasão não é apenas um objetivo educacional, mas um compromisso social com o futuro do país, para que esses jovens deixem de ser apenas números nas estatísticas e passem a ser protagonistas de suas próprias histórias. É necessário construir uma rede sólida de apoio que os ampare dentro e fora da escola.  



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