Evasão escolar em São Paulo: Os desafios de manter o aluno na sala de aula

A evasão escolar é um dos principais desafios enfrentados pelo sistema educacional brasileiro, impactando diretamente o desenvolvimento social e econômico do país. 

Por Rebecca Timoner

No estado de São Paulo, mesmo com os avanços inovadores em políticas públicas, a permanência dos estudantes na escola ainda é uma meta a ser consolidada. Em 2024, diversas iniciativas foram inovadoras para combater esse problema, mas fatores socioeconômicos e familiares continuam influenciando a decisão de muitos jovens de abandonar os estudos. 

Em novembro de 2024 no panorama geral , a frequência escolar na rede estadual de ensino de São Paulo atingiu 86,4%, a maior marca registrada desde o início da gestão atual. Esse aumento é apontado à implementação do programa Busca Ativa, iniciado em setembro de 2023, e ao monitoramento em tempo real do diário de aula, que permite disposições imediatas para evitar o abandono escolar. 

Na capital paulista, a taxa de abandono escolar nos ensinos fundamental e médio foi de 0,7% em 2023, a menor na década. Esses dados representam cerca de 2.200 alunos dentro dos 418 mil matriculados, uma redução significativa em comparação aos mais de 8.000 jovens que estavam fora da escola em 2014.   

Causas sociais de evasão escolar  

Apesar dos avanços, os fatores sociais continuam sendo um agravante para a evasão escolar. Segundo dados do IBGE, em 2023, aproximadamente 9,1 milhões de jovens entre 15 e 29 anos deixaram os estudos sem concluir a educação básica, esse número representa 19% da população nessa faixa etária. Entre os homens, 53,5% apontaram a necessidade de trabalhar como principal fator para o abandono escolar. Já entre as mulheres, além do trabalho (25,5%), a gravidez (23,1%) e os afazeres domésticos (9,5%) também foram motivos determinantes.


De acordo com a assistente social e mestre em gestão e políticas públicas Renata Ferreira, faltam políticas públicas eficazes para a resolução desse problema. "Temos dois olhares para as políticas públicas na evasão escolar. O primeiro é a ausência dessas ações governamentais, focalizadas na evasão. É necessário que se criem políticas que tenham a evasão escolar como um foco, como a ação principal de enfrentamento... e isso é um trabalho que envolve diferentes setores para que a evasão seja compreendida na realidade dos adolescentes, crianças e jovens, mas também no contexto de diferentes setores que exercem os programas sociais. Outro olhar importante é considerar a evasão escolar como um tema transversal às políticas públicas já em andamento, existem inúmeras ações que são realizadas, seja no âmbito da educação, da cultura, da assistência social e elas precisam colocar em pauta a evasão escolar dentro do que já é feito."

Ao ser questionada sobre quais ações seriam mais urgentes para diminuir a evasão no estado de São Paulo, a especialista afirma que o mais importante é “chegar junto com as famílias”, “é essencial que as políticas públicas estabeleçam um trabalho social com o meio familiar, onde essas famílias sejam apoiadas nessa função essencial que é a educação de seus filhos. É importante também, que as escolas recebam apoio, que o professor na sala de aula possa ser instrumentalizado, para perceber os desafios e as vulnerabilidades que as crianças apresentam na sala de aula, e saber lidar junto com essa família, junto com a comunidade, para que as crianças realmente se mantenham nesse ambiente escolar."    

A evasão escolar tem consequências diretas no desenvolvimento social e econômico. Os jovens que abandonam os estudos enfrentam maiores dificuldades para se inserirem no mercado de trabalho formal, o que perpetua o ciclo de pobreza e aumentam as desigualdades sociais. Além disso, a falta de qualificação profissional compromete o crescimento económico e a concorrência do país.  

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