Demissões voluntárias revelam um novo olhar dos brasileiros sobre trabalho

Foto: Reprodução/Imagem da Internet

Segundo pesquisa, 37,9% dos desligamentos registrados em janeiro de 2025 foram a pedido do trabalhador.

Por Maria Rita Coutinho

Não é só sobre trabalho, é sobre viver bem. Essa frase que resume o novo paradigma nas relações de trabalho no Brasil se traduz em números: segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), analisados pela LCA 4intelligence, 37,9% dos desligamentos registrados em janeiro de 2025 foram a pedido do trabalhador.

O fenômeno marca uma mudança: o trabalhador brasileiro, sobretudo o jovem e escolarizado, está redesenhando a própria ideia de sucesso profissional. Estabilidade, para muitos, já não significa carteira assinada, mas autonomia, saúde mental e propósito.

O aumento da "demissão consciente"

Esse movimento, que se intensificou nos últimos cinco anos, ganhou força com a pandemia de Covid-19, que acelerou a digitalização do trabalho, normalizou o home office e mostrou as fragilidades dos vínculos formais em termos de bem-estar. Em 2020, 24% dos desligamentos foram voluntários. Hoje, essa taxa já se aproxima dos 38%.

Entre os trabalhadores com ensino superior completo ou incompleto, o índice saltou para 45%, evidenciando uma decisão mais frequente entre quem tem mais acesso à informação e qualificação.

A faixa etária de 17 a 24 anos concentra 42% das demissões voluntárias, com destaque para mulheres e trabalhadores do setor de comércio, que enfrentam rotinas exaustivas, baixos salários e pouca flexibilidade.

Fonte: FGV Ibre/Caged

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