Parque linear torna-se estratégia para a revitalização de regiões urbanas carentes do verde

Por: Mirela Almeida | Quinta Notícia

Casa Verde é uma das regiões que mais sofre com a ausência de áreas verdes para lazer

Parque Linear Córrego do Bispo, na Casa Verde, inaugurado em fevereiro de 2025 / Foto: Leon Rodrigues/SECOM

Parques Lineares

O número de parques lineares propostos pela prefeitura é, em muitos casos, maior que o de parques urbanos. Isso pode indicar uma estratégia voltada à sustentabilidade, recuperação de áreas de mananciais, como córregos e rios, além de contribuir para a redução de enchentes e a melhora da qualidade do ar.

Desde o começo do século, o maior número de parques entregues em São Paulo ocorreu entre os anos 2006 e 2010, após esse período houve uma queda na criação de novos parques, inclusive de parques lineares. “O maior parque linear de São Paulo, o Parque Várzeas do Tietê, junto ao Rio Tietê, quase não saiu do papel, ele possui escala metropolitana e a responsabilidade por sua implementação é do governo do Estado, que nas últimas gestões esteve mais interessado em privatizar propriedades e empresas públicas, do que em dar continuidade na implementação do referido parque. São Paulo possui uma rica rede hídrica onde ainda é possível a criação de um grande sistema de parques lineares, idealmente contínuos, que poderiam prestar inúmeros serviços ambientais e sociais”. Explica o professor.

Número de parques urbanos e lineares entregue a partir dos anos 2000 / Gráfico: Mirela Almeida / Dados: Prefeitura de São Paulo

Em fevereiro deste ano, a região da Casa Verde ganhou o seu primeiro parque. O Parque Linear Córrego do Bispo, no distrito da Cachoeirinha. Apesar da localização ser próxima à vegetação da serra da Cantareira, a região é uma das que mais sofre com a ausência de espaços verdes com estrutura para lazer e recreação.

Desde 2015, os moradores cobram das autoridades por um planejamento urbano e a preservação das áreas verdes, que apresentam problemas habitacionais com moradias irregulares, e a criação de novos espaços para lazer, que ainda é escasso.

Segundo a prefeitura, o novo parque linear recebeu mais de R$ 12 milhões de investimentos em cuidados ambientais e na construção da infraestrutura, que conta com sede administrativa, sanitários, parquinho infantil, trilhas e academia ao ar livre.

Entre 2020 e 2024, foram destinados R$ 1,5 bilhão à manutenção e operação de parques e unidades de conservação na capital. Apesar do investimento expressivo, o urbanista Eugenio faz críticas sobre os desafios que ainda persistem, como a falta de recursos contínuos, planejamento adequado e gestores qualificados. “É necessário destinar mais recursos públicos, não é possível que se gaste bilhões em programas de recapeamento asfáltico e quase nada para parques. É necessário que os administradores dos parques sejam funcionários públicos qualificados e não nomeados por indicação política”.

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